Neste capítulo teremos três histórias inter-relacionadas mostrando
o dia-a-dia dos woj.
Para conhecer a raça: http://www.dragoesdosolnegro.com/2012/05/nova-raca-o-woj.html
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Boa Leitura!
Lina Presa Grande
Lina Presa Grande é uma Woj. Esta diante da sua lareira
cozinhando um delicioso bolo de milho. Esta sentada sobre uma grande e fofa
pilha de couros de animais diversos que ela própria abateu ao longo do seu
agoúra. Ela os costurou para fazer cobertas para as noites frias de inverno e
os dobrou para servir de confortável assento. Bolos de milho, lareiras,
curtidura, costura, casa. Tudo isso e mais um pouco foi sua mãe, Juani Presa
Grande, que lhe ensinou: tudo pelo seu aganta.
Por um momento, Lina deixa de revolver a lenha em brasa com
uma velha espada que ela usa como braseiro. Era de um elfo que ela encontrou
morto fora do seu território.
Ela passa a mão no seu volumoso ventre. Sua felicidade não
tem par: ela está grávida! E de gêmeos! Ela sente isso! Ela sente seus
coraçõezinhos pululando dentro dela! E convenhamos: os chutinhos são de mais do
que quatro patinhas...
Lina se lembra quando estava no seu processo de Aganta,
quando foi visitada por um macho. Ele era grande e forte, e se chamava Tomus.
Ela não estava pronta para ser mãe, precisava correr contra o tempo para
alcançar seu Aganta, pois já tinha 24 anos e ainda não o alcançara. Ela o pos
para correr do seu território e ele a respeitou, pois sabia que tentava se
aproximar num momento errado.
Ela alcançou seu Aganta então, aos 25 anos, no inverno. E na
primavera Tomus voltou e ela lhe sorriu. Ele ficou com ela por um mês até
sentir que a engravidou e lhe ensinou como fazer mel.
Hoje ela esta com 26 anos e meio.
Sua casa fica sobre uma enorme rocha. Ela mesma fez, igual
sua mãe lhe ensinara. Na parte debaixo da Rocha ela deixou várias caixas de abelhas
que ela mesmo fez e cuida com muito zelo. Ela é mamãe oras... precisa comer
bastante. O tarranca que Tomus lhe presenteou lhe ensinava a cuidar das abelhas
e construir as caixas.
De repente; suas memórias são interrompidas.
Um cheiro no ar. Um outro macho! Não é Tomus e mesmo que
fosse, ela não ficaria menos nervosa. Ela se levanta e vai para fora, até a
beirada da rocha e olha lá embaixo. Roubando o seu mel, está uma macho. Lina
fica muito brava, mas se controla, pois precisa ser esperta. Está grávida, e se
ela falhar, serão três a pagar.
Ela observa o maldito abrindo e comendo seu precioso mel.
"Ele não tem olfato não?" Esfreguei minhas costas em todas as árvores
e nunca invadi o território de ninguém" Pensa Lina, se sentindo violada e
injustiçada.
Ela volta para dentro da sua casa e pega um arco e uma fecha.
Este arco quem lhe ensinou a usar foi um Antara chamado Nohu.
Cuidadosamente, sem o menor traço de raiva ou descontrole
ela faz a mira com uma precisão digna. E dispara a fecha, atravessando o pescoço
do Woj, que brama descontrolado tentando tirar do pescoço aquela faixa dentada.
Flechas dentadas causam mais estrago na carne tentando tirar do que quando
entram.
Ela pega então a espada que estava usando como braseiro e
desce para terminar o serviço.
O woj simplesmente corre de Lina, vendo a espada meio incandescente,
mas vai perdendo as forças aos poucos. Lina corre atrás dele até alcançá-lo.
Ele se vira para lutar contra a pequena Woj, mas ela é mais rápida e enterra
nas suas costas meio metro de lâmina ardente.
O macho perde as forças e cai.
Lina esta ofegante. Olha o maldito invasor agonizando e fica
pensando como tira-lo dali. Será que valeria a pena comê-lo? Desiste da idéia.
Está cansada e esta sentindo uma dor crescente no seu baixo ventre.
- A dor!
Seu esforço deve ter feito seu parto se adiantar. Ela esta
longe; muito longe da sua casa. Sua toca esta no alto. Ela tenta primeiro
correr, mas quando a dor fica aguda, só consegue caminhar. Quando esta próximo
a sua casa, já esta nos eu limite físico. A dor intensa e o esforço anormal que
fez, aliado ao sol alto e muito forte do verão, a fazem cair exausta. Ela tinha
preparado tudo na casa dela para este momento e terá de dar a luz fora de sua
casa, em meio aos gramados, caixas de abelha e do sangue derramado do invasor.
Quase perdendo os sentidos, começa a proferir uma reza
ensinada por sua mãe:
A dor não me abala;
A dor é boa;
O que vem depois é um preço justo.
Oh Arctus, Oh Arctus;
Tua filha não nega a dor;
Mas por seus filhos;
Ela deve suportá-la;
Oh... ãm...
Lina não consegue terminar sua reza pois começa a perder os
sentidos. Até que uma sombra de um urso, gigantesca e marrom, fica entre ela e
o sol....
Lina acorda em sua casa. Esta deitada sobre as suas cobertas
estendidas e seu bolo de milho esta sobre a mesa, com uma boa porção já comida.
Em seu seio, um dos seus filhos sorve o leite com uma tranqüilidade
contagiante. Lina sorri e derrama lágrimas de alegria. Ao levantar-se, ela vê
uma gigantesca pata espectral a fazer cócegas no seu outro filho que ri, ri e
ri...
- Obrigado, pai Arctus. Suas lágrimas de alegria se
intensificam.
Ao dizer estas palavras a pata espectral desaparece e a fé
de Lina se renova, pois sabe que o Grande Pai cumpriu mais uma vez sua
promessa...
Tomus Grande Carvalho
Tomus esta observando atentamente o rio que passa por seu
território. Ele esta sob as quatro patas , observando a correnteza com a
concentração de um enxadrista. Um peixe pequeno passa e ele faz menção de
apanhá-lo, mas ele lembra dos ensinamentos de sua mãe: não é honrado matar um
bebê, não importa se é de peixe.
Ele espera atentamente e eis que um gordo salmão cruza por
sua frente. Com a rapidez que desenvolveu no seu agoúra o apanha com sua pata.
Como a sua mãe havia lhe ensinado ele morde a cabeça do peixe e a arranca.
"Você deve tirar a vida dele, mas deve honrar sua morte impedindo que ele
sofra além do necessário": Era isso que sua mãe dizia quando lhe ensinava
a pescar e a caçar.
Tomus pega então o peixe e o coloca numa cuba de barro,
outra coisa que sua mãe lhe ensinou a fazer. Por um momento ele se lembra de
Lina, pensando que já deve ser pai uma altura dessas. "Boa sorte" diz
ele para que os ventos levem esta benção até ela.
Ele tem duas cubas cheias de peixes que são amarradas numa
vara que ele carrega nos ombros.
Caminhando ao longo do rio, em direção a sua casa, o woj
sente um cheiro no ar.
-Um cheiro de um macho. Mas é diferente!
Mais algumas fungadas para sentir o cheiro do vento, e Tomus
sorri.
-É o cheiro de quem sabe!
Ao ver o farfalhar das folhas em alguns arbustos, Tomus
grita:
- O que sabe, quem vem andando?
Não demora a resposta se dá:
- Sei sobre Cerveja e sobre Dinheiro!
-Não conheço a cerveja nem o dinheiro.
Dentre os arbustos um
woj branco, provavelmente das terras do norte, vem na direção de Tomus.
-Salve senhor desta terra!
-Salve!
-Vim trazer-lhe o saber sobre a cerveja e sobre o dinheiro.
-Pois conte-me: o que é a cerveja?
- Eis aqui, meu amigo, beba um pouco.
O Antara oferece a Tomus um pequeno Barril, sem rolha e o
instrui a beber do buraco.
Após alguns goles que fazem paladar de tomus fervilhar, ele
diz:
-Isso é muito bom! Quero saber como se faz, tem tarranca?
-Escrevi um tarranca para o senhor. Em troca peço comida e
couro.
-Pois lhe será dado meu amigo, acompanhe-me até minha casa.
Ambos se dirigem a casa de Tomus, conversam como velhos
amigos.
O Antara se chama Nohu Pé de Prata e é um guerreiro
andarilho, mas deixou a vida de aventuras se dedicando a ensinar os outros woj
sobre o dinheiro e o comércio. As cidades avançam cada vez mais sobre os
territórios Woj e Nohu acredita que ensinando os modos das demais raças, os
Wojs poderão se adaptar melhor ao mundo novo que chega.
Em casa, Tomus convida Nohu a entrar. Ele traz couro de
touros e 5kg de mel de Abelhas do Sol. Nohu em troca entrega o tarranca sobre a
cerveja e outro sobre o dinheiro.
Ambos passam o resto da tarde e parte da noite conversando
sobre os histórias de Nohu. Nohu oferece conselhos sobre como cultivar e
preparar a cevada para a cerveja. Tomus pede para que Nohu fique com ele até o
outono para lhe ensinar, mas Nohu pede que ele leia os tarrancas e ele voltará
em dois meses para ajudar.
Tomus fica um pouco triste, mas se resigna a agradecer o
Antara, pelo ensino da cerveja.
O antara avisa:
-Não vou lhe ensinar sobre o dinheiro agora, Tomus. Você
precisa aprender um pouco de matemática primeiro. Isso eu juro que lhe
ensinarei depois que voltar.
-Tudo bem, Nohu. Vou confiar em tuas palavras, mas podia me
explicar o que é o dinheiro?
-Dinheiro é o que move o mundo dos homens: é o alimento que
nutre as cidades e, ao mesmo tempo pode ser algo que a destrua.Tem tanto poder
quanto a magia, as vezes mais, se você tiver ele em grande quantidade e for
sábio no seu uso.
-Nossa! Mal posso esperar pela sua próxima visita. Mas pode
me mostrar o que ele é?
Nohu mostra algumas moedas.
-Que estranho! Comenta Tomus. Pedrinhas redondas amarelas é o
tal dinheiro!
Nohu ri e diz.
-Tudo ao seu tempo meu amigo. Com essas "pedrinhas
amarelas" você pode comprar muitos barris de cerveja nas terras dos
homens. Mas vá lendo sobre cerveja e sobre o dinheiro, eu volto e prometo explicar
tudo.
-Certo. Bom Nohu, já é tarde. Quer dormir aqui?
-Sim! Agradeço a oferta.
Na manhã seguinte, antes de Tomus acordar. Nohu parte, levando
consigo trouxas de couro e um grande pote de mel. Deixa antes de ir, um
tarranca sobre a cerveja e um outro que ele escrevera sobre uma de suas
aventuras. Tomus sempre gostou das histórias de Nohu e sempre foi um bom
anfitrião. Merecia mais. Merecia ser ensinado sobre a matemática e o dinheiro,
mas Nohu precisa ir.
Nohu Pé de Prata
Nohu é um antara desde que alcançou seu aganta. Viajou o
mundo e aprendeu com os humanos a arte da guerra e o uso de armas. Aprendeu a
fazer cerveja e o comércio.
O mundo estava mudando fora dos territórios dos Wojs e, em
dado momento na sua vida de aventureiro, Nohu decidiu deixá-la e ensinar seus
irmãos. Ele acredita que ensinando sobre os modos da civilização estará
ajudando os woj a sobreviverem as mudanças. Assim foi nos últimos três anos,
mas à duas semanas, Krishmu Aruska, seu amigo gan, da raça dos homens
elefantes, enviou-lhe um mensageiro para avisar que a cidade que lhe havia
acolhido tempos atrás, fora atacado pelas Sombras e que sua força se fazia
necessário para protegê-los.
Nohu só não partiu ainda porque precisava preparar os wojs
da região com seu conhecimento. Infelizmente Tomus foi o último e ele não pode
se demorar pois a cidade de Anvi precisa dele.
Nohu desce o território de Tomus por um barranco próximo à
trilha que leva a cidadela dos elfos de Landara. Ele caminha uns 5 km, e vê, ao
longe uma criatura alada dar um rasante nas matas e ouve um bramido de dor.
Nohu solta sua carga e, empunhando seu arco, corre naquela
direção na esperança de ajudar um irmão woj. Ele não faria isso se o bramido
era de um woj novo, afinal ele não poderia ajudar um jovem em agoúra, mas o
bramido era de um woj idoso.
Ao chegar no local, Nohu observa um velho woj, com muitas
cicatrizes pelo corpo e com o abdômen aberto com marcas de garra. Mais adiante,
levando um filhote pelo pé, uma mantícora intenta levantar vôo, mas Nohu a
intercepta, ferroando uma das articulações de suas asas com uma flechada
certeira.
A criatura cai derrubando o sortudo filhote em arbustos
próximos.
Nohu, saca seus dois machados que ele conseguiu tempos atrás
ao derrotar sozinho, Irladis, um berzerker de Floresta Branca que intentava
fazer um levante sobre as cidadelas élficas de Ninhori.
Nohu avança ferozmente e a mantícora faz o mesmo. Ao tentar
dar-lhe um garraço de cima para baixo, Nohu intercepta a pata do monstro com um
golpe preciso que por muito pouco não decepa a pata do monstro. A criatura,
sente a dor e dá alguns passos atrás, tenta apoiar a pata ferida, mas
cambaleia.
Nohu percebe a vantagem e arremessa seu machado no rosto da
criatura que berra e grita sacudindo o a cabeça para se livrar do machado
cravado. Nohu empunha o outro machado com ambas as mãos, desferindo golpes nas
paras e no rosto do monstro até o ser tentar correr. Cego por causa do sangue
em seu rosto, o monstro corre cambaleante ficando preso entre grandes arbustos e
árvores. Instintivamente sua cauda lança espinhos em direções aleatórias e um
deles denta encontrar o ventre de Nohu, que o intercepta com o machado.
Nohu conclui seu trabalho abrindo o flanco do ser com uma
machada precisa. Enfia sua mão na ferida do monstro arrancando uma artéria...
O monstro para de se mover.
Nohu corre em direção ao filhote e constata apenas uma pata
quebrada. O menino woj deve ter seus 2 ou 3 anos e Nohu diz para ele descansar
ali e esperar ele voltar. Nohu então se dirige ao velho woj: ele observa as
cicatrizes ao longo do corpo velho e cansado do idoso. Fica tentando imaginar
quantas batalhas aquele senhor woj não suportou na vida.
O velho woj, com o pouco fôlego de vida que anda lhe resta
diz:
-Por favor. Sou tarrú e preciso que seja o tarrú para o
Nilo. Ele não aprendeu tudo o que precisa para ter seu Agoúra. Devo ser uma
vergonha, não consegui sozinho proteger meu filho...
Nohu observa mais uma vez as cicatrizes do senhor Woj. Diz
solenemente:
-Fique tranqüilo, meu amigo. Se o senhor chegou até aqui
mesmo com todos essas cicatrizes pelo corpo é porque já provou a tudo e a todos
que sempre pode fazer sozinho, tanto que estava a ensinar o garoto.
O velho tarru sorri, fica imóvel e morre com um serenidade
tal que Nohu não consegue segurar as lágrimas. Nohu arrasta então o velho woj
para as matas, para que seu corpo possa servir de alimento para outros animais,
conforme os costumes dos Wojs do norte.
Ele volta e vê que o rapazinho esta tentando se manter de pé.
Nohu o faz beber uma poção de cura, para dar um jeito no seu pé. O menino põe
uma pata sobre o seu braço diz:
- Tarrú?
-Nohu não diz nada. Apenas sorri pro jovenzinho e acaricia
sua cabeça.
Põe o rapaz nas
costas, abandonando a carga que estava trazendo antes, e diz acriança:
-Sim Nilo. Tarrú!
E ambos seguem para a
terra dos humanos. Nohu se vai, não percebendo que um grande e espectral urso
marrom adentra a mata em direção ao corpo do idoso.
2 Blá blá blá!:
Muito bom.
Realmente!
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